25/11/2008

Sinais de Pontuação

Deixo a minha alma a nu, uma podridão que os espelhos são forçados a ver; Continuamos vivos enquanto tivermos coragem de espreitar os próprios reflexos. Aceitarmo-nos é um processo que leva o seu tempo, uma vida inteira, certamente; Reconhecer quem somos pode suscitar um arrepio feito de mágoas, levando-nos a estabelecer, muitas vezes, comparações. E questionarmo-nos o que procuram aqueles que amamos noutros seres, ficando com um ponto de interrogação nas mãos. Não sei se algum dia seremos capazes de os esmagar, talvez isso aconteça no dia em que nos olhemos por inteiro sem medo de amar cada substância que faz de nós quem somos. Nem sempre o facto de sermos amados transforma esse circulo interrogativo numa linha rectilínea.
Olho-me mais uma vez e, sei que no fundo nada passa de um ponto com reticências á base de imaginações.

21/11/2008

Sentimentos Esdrúxulos

Preciso urgentemente de uma caixa enorme para guardar a memória destes dias.
Mais uma imagem que fica, um gesto, um sentimento apertado envolto de um coração aberto...
Desta vez, um banco de jardim.
A nossa vida ganha sempre uma melodia inconfundível, reconhecemo-nos e encontramo-nos constantemente, em fotografias, cheiros, passagens rotineiras da nossa vida, em pequenos objectos e lugares, neste caso, uma música, que nos leva sempre a memórias.
Forma-se uma nuvem de recordações.
Pontos de interrogações.
Certezas.
No silêncio das pernas cruzadas, as lágrimas caem. Por tudo. Por nada. Por mim, por vós. Persistem habitar-me no rosto. (Outra nuvem).
Então descubro: "A mais bela das tristezas é a felicidade com lágrimas nos olhos".
Um silêncio dos gestos inconfundíveis, algo que apenas nós podemos recordar com um sorriso.
Presença.
Sentimentos.
Silêncio.
Gestos.
Um mundo inteiro nas nossas mãos, numa minúscula parte de um lugar obrigatóriamente presente para a nossa existencialidade.
Pedras calçadas, folhas caídas no chão. Beleza inconfundível.
Árvores nuas defronte para um céu azul.
Cores.
Imagens.
Mais uma lágrima. E a música continua no nosso mundo em pausa.
"Ficas bonita com os olhos molhados".
Sorriam comigo.

Partilhando Um Sorriso

Nem tudo o que dói mata.
O que derruba, fortifica.
Foram vocês que estiveram lá e me agarraram a mão, abraçando-me com uma força enorme, levantaram-me quando tudo não passava de um pedaço de chão, juntas, erguemos a cabeça e, com mais ou menos lágrimas, sorrimos para a vida. Ganhamos asas que nos permitiram voar deste mundo que nos corrompe; Somente nós. A vida prendeu-nos com uma corda, amarrou-nos com um fio indestrutível. É preferível acreditarmos que foi apenas o destino a por-nos à prova e encarar isso com um sorriso, porque independentemente de tudo, juntas tornamo-nos num tanto e o facto de estarmos presas é motivo para tal. O nosso trevo. O nosso cantinho com as folhas de Outono. Os nossos passeios de mãos dadas, os abraços. A nossa força numa amizade! Tudo fica, guarda-se com uma chave que só a nos pertence, um código que apenas nós deciframos. Só nós podemos sentir, somente nós e mais ninguém. Estamos juntas mais que nunca. "Só faz falta quem cá está". Agarro-vos com força, quero partilhar este sorriso. Tudo vai passar, prometo...
Como se diz "Obrigada" se não encontro agradecimento possível?
De que valem estas palavras, se conseguem sentir o que vos quero dizer?
Dedico-vos esta felicidade.

20/11/2008

Raízes do Monólogo

Passamos uma vida a sorrir para tapar buracos, é frequente a queda para o abismo que teima sempre ser o trilho mais usual percorrer. Tropeçamos constantemente nos fios invisíveis de um rio incolor, nas tentativas vãs de nadar para a margem, sentimos que duas mãos nos apertam o pescoço, afogamo-nos frequentemente na tinta da esperança, precisamos muito mais que um oxigénio que nos mantém vivos. Então paramos, ou corremos desesperadamente numa ânsia constante de nos salvarmos; As raízes que deixamos para trás, não são nada mais que fios imortais de vida, prontos a serem arrancados por uma mágoa crescente. Não reconhecemos o chão que pisamos na escuridão de um sol já inexistente, então morremos lentamente... Até que, amarrados por uma melodia silenciosa, voltamos a tentar, e ao vermos um brilho incessante nas trevas desse mesmo abismo, nadamos novamente com a angústia de uma sobrevivência que nós próprios deixamos de acreditar. Atravessamos oceanos pisando folhas caídas no céu, o contra-relógio pára, para que sejamos capazes de amar esta dor persistente. A partir daí, pouco ou nada importa o que nos rasga a alma, aprendemos somente a navegar nas incertezas; Naufragar já não mata, mas sim uma estrela que brilha ao longe sem a certeza de a podermos agarrar.


[ Um dia apercebemo-nos que metade das nossas vidas foram feitas de dias em que fraquejamos. E desde então, viver nada difere de sobreviver. Um dia o mundo pára de girar em torno de nós e, subitamente, caimos com os seus estilhaços. De que vale correr se saberemos que iremos tropeçar novamente?; De que vale se nos faltam as forças? Tantas vezes que as esperanças ganham asas juntamente com o pó que se solta sobre nós... Estarei aqui, mesmo que esperar seja uma paciência inútil. E lembrar-me-ei: "Luta Sara, luta sempre".

Mais um momento, só mais um... ]

19/11/2008

Mais Um...

Mais um dia a vencer.

Fracas com a vida, fortes nesta união. Que seria de mim sem este apoio? Estender-me-ia inúmeras vezes num chão sem destino, faltar-me-ia a voz nos momentos mais inoportunos, e como tu dizes, ficava em casa, isolada de tudo, deixar-me-ia morrer aos poucos, ficar só é ter obrigatóriamente de sofrer quando nos esquecemos de nós próprios e tudo vem ao nosso encontro, então, o pensamento torna-se na arma mais mortífera. Não estou sozinha (in)felizmente, há quem partilhe esta dor... E custa. Dói muito ver essas lágrimas, esse tremer, dói saber que nos falta parte de nós. Dói saber que alguém vive dos nossos problemas, que é incansável por nos querer o melhor. Como gostava de ser capaz de vos restituir só um pedaço do coração... Têm sido tudo numa só vida. Apesar de vivermos já sem força, juntas, ganhamos momentos de felicade, vivemos afectividades inesqueciveis, procuramos despertar sempre o lado que, mesmo com toda esta tristeza, nos faça também sorrir. Têm sido fundamentais, e para isso, simplesmente não encontro agradecimento...

08:15h. Olho para o telemóvel e sei que por esta hora estarias a sair de casa, desta vez, não vou contigo, não me dizes que daí por 5min estavas cá. Sei que será um dia difícil a vencer... Sentir a tua falta até nas coisas mais pequenas, invade-me com uma vontade enorme de chorar e tento conter mais uma vez. Caiu.
10h. Começa o intervalo, espero-vos. Precisam de mim da mesma maneira que eu preciso de vós. É então que, inevitavelmente, ao som de uma primeira música sofro mais uma vez. Passamos a vida a recordar momentos, ao sabor de pequenos fragmentos que trazemos conosco, neste caso, uma música. Recordo-me da saudade enorme que me abraçou a alma...
[...]
Desta vez, já não vens ter comigo no fim do almoço. E ironicamente encontro-te. Foi a prova mais que suficiente que estavas a sentir uma falta enorme da nossa rotina, daquilo que com tempo e dedicação fomos criando. Provavelmente, sentiste vontade de voltar atrás no tempo para que podessemos estar juntos. Um silêncio une-nos, ao ritmo do passo, que também nos separa.
[...]
Coisas do destino. Tropeças novamente no meu caminho. Cá dentro tudo aperta de novo, com mais força aínda. Sinto saudades do teu beijo





[ Incapaz de continuar. Dói uma presença ausente. ]

18/11/2008

Fios de Vozes

Ouvir a tua voz foi uma bala cá dentro; Doeu. Senti que as palavras não saiam. Já não sei em que lugar pôr as tuas incertezas; não sei em que canto me esconder para respeitar o teu espaço. Tenho medo! Sinto que te estás a ir... E não tenho maneira de te agarrar! E mesmo sem querer as lágrimas teimam cair. A dor aperta cada vez mais. Dói-me viver presa a ti. Não peço que passe rápido, peço que me tragas a certeza que quero abraçar. Muito sinceramente, já não sei se voltas... Já não sei se terei de viver apenas de recordações. Merecemos muito mais! Se quiseres mesmo, se sentires a minha falta, tu vens. Senão, é como dizes, uma amizade que fica, não sei como será, deixará somente muito mais a desejar... Se quiseres ir, ensina-me como se passam os dias sem ti. És tudo, Hugo! Dei-te tudo o que tinha para as mãos, não queiras devolver-me. Hoje, não sei se te volto a encontrar. Vão magoar os dias, vai magoar sempre até que voltes. E sei que esta dor vai crescer, que vou lutar contra as lágrimas, sei que me irei abaixo inúmeras vezes. Vou sentir falta de um abraço quando as lágrimas teimarem em vir. Respeitarei. Esperarei, mesmo que as vagas esperanças se desvanessam com o tempo...

Boa Sorte


Encontrei.
Sabia que um dia encontraria a minha sorte, procurei-a, não só para mim, para vós. Não havia nada mais que vos podesse dar senão eu própria juntamente com um simbologismo daquilo que vos desejo: Sorte.
Estarmos ali, as três, foi a prova que ela existe. Por muito que a vida nos derrube, sorte é o que temos. Fui feliz naquele cantinho, rodeada pelas folhas caídas do Outono, fui feliz por vos ter comigo! Naqueles segundos em que fui invadida por uma vontade enorme de chorar, quis também sorrir. Não consigo explicar o que aquele momento significou para mim, apenas nós, mais unidas que nunca!
Dámo-nos incondicionalmente, à parte isso, só pedemos esperar um pouco de sorte... O vosso apoio foi, sem dúvida, a minha sorte!
Marcou.
Que sejamos capazes de seguir com força, com um pouco mais de sorte...
Três pessoas, uma sorte do destino.

De Novo Abraçando As Palavras

Voltei. Não sei por quanto tempo, acho que as pessoas vivem demasiado em função do mesmo, deixam-se comandar assim, levam uma vida em função dos ponteiros de um relógio. E sim, também eu não sou expecção. Por isso, voltei, por um tempo indefinido.
Hoje, regresso, de uma maneira um pouco diferente... Carrego muito mais em relação aos dias em que abandonei este refúgio. Hoje, procuro alento nas palavras por ser uma forma mais fácil de aliviar esta dor; Não tenho mais onde a pôr.
Bates-me no peito, como um sopro de vento, soltas-me as amarras... Ver-te partir, é sentir-me demasiado pequena para suportar esta dor. Viras costas, soltam-se as lágrimas mais uma vez... Aperta cá dentro! Dói desesperadamente... E sei que esta dor que atravessa oceanos é, certamente, apenas uma pequena parte do que te vai aí dentro. Desculpa, digo-o com um fio que teima lavar-me o rosto. Leva o teu tempo, que eu estarei aqui, de braços abertos. Vai, tira-me da tua rotina por uns dias, se é que consegues e, quando voltares, traz-me certezas. Tempo é o que não nos falta; Espararei por ti, um dia, uma semana, um mês, um ano, dez, uma vida... Espararei por ti até que venhas ao meu encontro e me tragas uma certeza. Peço baixinho que não demores, para que não aprendas a viver com a minha ausência. Tenho vontade de correr, ir ter contigo e dizer que trago duas coisas: uma vontade de te fazer feliz e uma vida que quero que continue a ser tua; Mas não o faço. Respeito o teu tempo e o teu espaço, respeito a tua vontade. Olho para o telemóvel à espera que me fales, olho para trás só para te ver, e quando te passo ao lado, sinto uma vontade enorme de chorar, bem como uma vontade de correr para ti. Volta! Esperarei, com uma lágrima perto de um sorriso, com uma dor que se acumula, mas acima de tudo, com a esperança que um dia venhas ter comigo para provar que "Prometo que volto Sara!". Quantas vezes não tive necessidade de ler essas palavras, quantas vezes não desejei que fossem realmente verdadeiras... Demora o teu tempo, mas quando vieres traz-me apenas uma certeza e, se o que me trouxeres não for nada mais que um vazio, ensina-me a viver sem ti! Era mais fácil se existissem manuais de instruções. Mas, parte de mim tem uma certeza que vagueia pelas dúvidas de que um dia voltarás. Não demores, por favor...