17/01/2009

O Trabalho do Silêncio

Para sermos capazes de nos dedicarmos a umas coisas, é necessário desligarmo-nos de outras.
Não sei se deva prestar mais atenção às palavras, pintá-las à medida de cada dia, já que o silêncio muitas vezes se faz ouvir. É dele que, hoje, quero falar. Sim, o silêncio também se ouve, consegue ser mais forte que as palavras, "também é texto". Quando nos apercebemos da falta existencial das mesmas, recorremos a esse grito. Creio que, na verdade, não faltem palavras, o que mais falta são silêncios. Todas as vidas são torturadas de palavras, estas que usamos e pronunciamos de diversas formas; Nem todas as que gostamos de ouvir são as melhores, outras saem-nos da boca e acertam-nos cá dentro como balas, existem as desnecessárias, a compisão das aparentemente bonitas... O que não falta são ruídos de fundo. Porém, não consigo escutar o silêncio senão aquele que, por vezes, se apodera de mim. É muito mais forte que todos os diálogos ou monólogos. E quantos se atrevem a escutá-lo? Estamos demasiadamente habituados a este nível crescente de poluição, esquecemo-nos constantemente de aprender a pronunciar palavras mudas, saber usar e escutá-las.

Quando precisas de organizar as ideias fá-lo no silêncio da noite.
Quando te dói a cabeça aquilo que mais dispensas é o barulho.
Quando estás tão habituado às palavras mesmo que feias e cruéis a resposta que mais te custará aceitar é o silêncio.
E é ele que melhor fala quando "tudo o resto é palha que serve para manter o cavalo de pé".

"Vivemos numa era onde há horror ao silêncio, como tal não podemos, nem nos deixam, apreciar a sua beleza".

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem dizido'
Gostei :O