07/07/2008

Hoje vejo nada


Hoje, preciso apagar-me do mundo por ser tão difícil continuar nele. Quero a minha solidão, quero vivê-la, quero chorá-la pelas vezes que as lágrimas se congelam em mim; Hoje, preciso do meu espaço, parar o tempo só para mim. Não quero o reflexo das luzes na água; Hoje, vou ver o mundo de olhos vendados. Vou-me sentar no chão e sentir o azuleijo arrepiar-me as pernas. E não vou escutar os gritos que se dissolvem no ar nem as vozes em surdina. Vou trancar as portas do mundo e fechar a janela da vida; Não quero distância, hoje, quero ser só. Vou despir-me de mim só para sentir o que não vejo quando tudo são futilidades. Não faço preces a Deus, páro apenas para ser capaz de recomeçar viva, busco as parcas forças que permanecem em mim e multiplico-as; É difícil voltar a levantar-me, fazer os pés moverem-se. Será que a dor que carregamos consegue ser mais pesada que o nosso próprio peso? Não quero ser forte, não quero rir para tapar buracos, eu só quero ser suficientemente humana para prosseguir. Vou-me desconectar de tudo, só eu sou a força. Hoje, vou jazer sem preconceitos sem tentar desmitificar os dogmas da vida. Serei um imortal fácil de morrer...

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