07/07/2008

Mais um ano


Cheguei. A longa viagem deu-me, como sempre, asas para sorrir. Olho as ruas pelo vidro e sinto que todas elas me são familiares. Ao chegar já sentia este cheiro que nem por aqui vir apenas uma vez por ano me deixa de ser conhecido. Diria que é a minha segunda casa, o sítio onde já vivi tanto, onde fui feliz por breves dias e cada ano que cá venho é, sem dúvida, altura para reflectir e me reencontrar... Todos os anos volto e há coisas que mudam, é um reflectir mais vasto relativamente a mim e áquilo que sou, bem como todas as mudanças comparando a todos os outros anos. Tudo permanece igual... Os cheiros, as ruas, a mesma paz que busco. E tudo isto se mantem assim, os hábitos, o sofá no mesmo sítio de sempre, a vista para a piscina, as cadeiras na varanda onde gosto de me sentar várias vezes ao dia; de manhã é aí que vou respirar o ar que me dá vontade de ficar, á tarde enquanto me sento para descansar ou simplesmente procuro a paz dentro de mim, posso também ler um livro ao ritmo do barulho de todos os estrangeiros que desfrutam da piscina, á noite é realmente quando gosto de me sentar com a cabeça erguida para as estrelas, é das poucas vezes que olho o céu á noite, dá-me calma ver a lua reflectida na água e o sol invisível acompanhado do clima quente com breves brisas de vento. Sinto-me bem nesta semana em que me afasto do mundo, porque é nesta altura que ganho noção daquilo que sou, do que tenho, do que vivi, do que errei e do que cresci. Sou capaz de ver tudo mais claro e com um ângulo maior do meu campo de visão. É tudo diferente aqui... Acalma-me quando contemplo tudo novamente e sinto saudades quando sei que os dias estão sempre em contagem decrescente. Reencontro-me neste lugar. Não porque o sol brilhe de maneira diferente, mas por ser capaz de gostar mais dele. Isto sim, é uma das coisas que não quero perder, por tudo ocupar um espaço tão grande em mim. Será que vou chorar como no ano passado quando me apercebi que vinhamos mesmo embora? São dias diferentes, em que andar descalça na rua não é problema. Aqui, sou feliz. É um elo que cada ano se torna mais forte...

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