20/11/2008

Raízes do Monólogo

Passamos uma vida a sorrir para tapar buracos, é frequente a queda para o abismo que teima sempre ser o trilho mais usual percorrer. Tropeçamos constantemente nos fios invisíveis de um rio incolor, nas tentativas vãs de nadar para a margem, sentimos que duas mãos nos apertam o pescoço, afogamo-nos frequentemente na tinta da esperança, precisamos muito mais que um oxigénio que nos mantém vivos. Então paramos, ou corremos desesperadamente numa ânsia constante de nos salvarmos; As raízes que deixamos para trás, não são nada mais que fios imortais de vida, prontos a serem arrancados por uma mágoa crescente. Não reconhecemos o chão que pisamos na escuridão de um sol já inexistente, então morremos lentamente... Até que, amarrados por uma melodia silenciosa, voltamos a tentar, e ao vermos um brilho incessante nas trevas desse mesmo abismo, nadamos novamente com a angústia de uma sobrevivência que nós próprios deixamos de acreditar. Atravessamos oceanos pisando folhas caídas no céu, o contra-relógio pára, para que sejamos capazes de amar esta dor persistente. A partir daí, pouco ou nada importa o que nos rasga a alma, aprendemos somente a navegar nas incertezas; Naufragar já não mata, mas sim uma estrela que brilha ao longe sem a certeza de a podermos agarrar.


[ Um dia apercebemo-nos que metade das nossas vidas foram feitas de dias em que fraquejamos. E desde então, viver nada difere de sobreviver. Um dia o mundo pára de girar em torno de nós e, subitamente, caimos com os seus estilhaços. De que vale correr se saberemos que iremos tropeçar novamente?; De que vale se nos faltam as forças? Tantas vezes que as esperanças ganham asas juntamente com o pó que se solta sobre nós... Estarei aqui, mesmo que esperar seja uma paciência inútil. E lembrar-me-ei: "Luta Sara, luta sempre".

Mais um momento, só mais um... ]

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